Quem é o Eu Sou? 6- Deus se comunica assumindo as características de sua criação.

Imagem relacionadaUma vez eu li um texto que relatava que o príncipe William da Inglaterra sempre se comunicava com seu filho mais velho, George, se abaixando até sua altura. Essa postura é sugerida pelos psicólogos como uma excelente forma de ajudar a criança a se sentir à vontade em sua companhia e, como consequência, entender melhor a mensagem que você espera transmitir a ela. Esse princípio também pode ser observado em bons palestrantes ou professores. Esses profissionais costumam apresentar uma sensibilidade singular ao conseguir se comunicar com o público em uma linguagem e maneira que lhes seja familiar. Por essas razões podemos concluir que a melhor maneira de nos comunicarmos é utilizar a mesma linguagem, cultura e modos daqueles com quem desejamos estabelecer essa comunicação. Pois bem, foi exatamente esse o plano da trindade. O ser humano precisava de uma representação clara daquele que o criara e cuidava dele afim de compreender o seu amor e desejar se relacionar com ele. Por esta razão o Filho se fez o mediador:

Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: o homem Cristo Jesus, ” 1 Timóteo 2:5

Ao ser um mediador Jesus é mais que um conciliador de conflitos, é um transmissor de mensagem, tal que a raiz da palavra mediador é a mesma de “media”, de meio de comunicação. Foi através de Jesus que Deus demonstra ao universo, especialmente aos seres humanos, qual é a essência de seu caráter. Para transmitir essa mensagem Jesus assumiu as mesmas características daqueles com quem desejava se comunicar. Nesse sentido ele deu tudo de si. Em vez de enviar a mensagem de uma posição distante e fria Jesus tomou a forma humana e tornando, inteiramente, através de todo o seu corpo, a própria mensagem. Agora todos poderiam ouvir a voz, abraçar e sentir o carinho e cuidado de Deus. Sob essa perspectiva, o texto seguinte atinge um significado mais profundo

Tomando o pão, deu graças, partiu-o e o deu aos discípulos, dizendo: “Isto é o meu corpo dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”. Lucas 22:19

Isso significa, literalmente seu corpo,  pois Jesus por inteiro; seu sangue, sua vida e sua morte, são a mensagem que DEUS É AMOR! Jesus é a janela através da qual podemos entender as caráter de Deus. Por isso, não há como outro ser pretender assumir o papel de mediador entre Deus e o homem, além de Jesus. Só um Deus que se fez homem é capaz de conhecer os atributos de Deus e as características e necessidades de sua criação e revelá-los aos homens em uma linguagem familiar ao ser humano.

Portanto, ao olhar para Jesus você precisa enxergar o ápice do esforço divino em se fazer compreensivo e aceito pelo homem. Enquanto muitos hoje buscam criar formas de se fazerem aceitos e compreendidos por Deus, Jesus é a mensagem clara que Deus deu tudo em prol de nos conquistar. Não há nada que precisamos fazer para conquistar seu Amor. Só precisamos abrir os braços e receber seu abraço. Vejam o que Jesus nos diz:

Escutem! Eu estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, eu entrarei na sua casa, e nós jantaremos juntos.” Ap. 3:20

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

 

Quem é o Eu Sou? 5- Um Deus que se interessa.

Para você, Deus se interessa ou não por nós? Uma resposta que tem alcançado muitos adeptos supõe que não. O Deísmo, é uma visão de mundo que até aceita a existência de um ser todo poderoso e/ou criador do universo, mas que a partir do momento que criou tudo o que existe, pelo menos em sua forma primária, deixou que seguisse suas próprias leis e não mais interfere em sua criação. Portanto, qualquer tentativa de estabelecer uma comunicação com esse ser superior seria inócua e irrelevante. A pergunta que deveríamos fazer deve ser então: Seria o Deus apresentado pelo cristianismo esse tipo de ser? Será que o “Eu sou” se encaixa com esse perfil? Está Deus longe e desinteressado por nós ou deseja ele se comunicar conosco? Vejamos o que diz o livro de Hebreus:

Há muito tempo Deus falou muitas vezes e de várias maneiras aos nossos antepassados por meio dos profetas,
mas nestes últimos dias falou-nos por meio do Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas e por meio de quem fez o universo.” Hb 1:1,2

O escritor bíblico destaca duas informações fundamentais, a primeira é que Deus deseja e busca se relacionar conosco. Relacionamento este que se fundamenta na revelação de si mesmo, inicialmente através de seus profetas e em seguida através de seu próprio filho, que é a imagem dele mesmo, na medida que Jesus é um membro da trindade. A segunda parte do texto destaca que o Filho, que veio revelar o Pai, é coautor de todo o universo. Portanto, dissociar o amor e doçura de Jesus do criador de tudo é uma negação direta da verdade bíblica. Para exprimir ainda de maneira mais clara o interesse do Pai e criador por nós a Bíblia apresenta:

“Pois assim diz o Alto e Sublime, que vive para sempre, e cujo nome é santo: “Habito num lugar alto e santo, mas habito também com o contrito e humilde de espírito, para dar novo ânimo ao espírito do humilde e novo alento ao coração do contrito.Isaías 57:15

Em apenas um versículo duas características de Deus se harmonizam perfeitamente. Ao mesmo tempo que é tão poderoso, que possui o universo inteiro em suas mãos, ele manifesta um profundo e particular interesse por cada ser vivo de maneira a se preocupar com cada alma sedenta de sua presença.  Desta forma, a questão agora não é se esse Ser está ou não disposto a ter um relacionamento conosco, mas se nós seremos capazes de descer do alto e sublime trono que construímos para habitar junto de Deus. Será que quando assumimos o deísmo como visão de mundo isto não é apenas a manifestação de nosso desejo de que Deus não estivesse interessado em nós somente para que não precisássemos ter que escolher entre aceitar ou não o seu convite de amizade? Me desculpe te dizer, mas Deus, Jesus e o Espírito Santo já fizeram tudo o que podiam para melhorar esse relacionamento, isso não podemos negar, a decisão agora é nossa. Deus não é um criador que nos criou e deixou-nos a viver em um mundo tão problemático e dolorido como esse. Tal ser seria um sádico, que mesmo conhecendo o sofrimento de todos e tendo o poder de fazer algo ainda escolhe se omitir.

É, eu sei, começar um relacionamento novo é muito difícil. Mas eu gostaria de lembrar você que aquele que o está convidando conhece cada detalhe de sua vida, ele conhece seu mais sombrios defeitos, contudo, ainda quer estar ao seu lado, ainda quer ser seu amigo, melhor, quer cuidar de você, literalmente te amar. Portanto, será o relacionamento mais franco e transparente que poderia ter. Você não precisa fingir ser o que não é. Mas é só deixar se transformar segundo a imagem e semelhança de seu novo companheiro. Não há o que temer. A mão dele está estendida a você, estenda a sua.

Até os cabelos da cabeça de vocês estão todos contados. Não tenham medo; vocês valem mais do que muitos pardais!” Lucas 12:7

 

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 4- Deus é todo poderoso!

“Quem é Deus?” Essa pergunta acompanha-nos desde sempre, e apesar de saber que a resposta completa estaria muito além de nossa capacidade, nós continuamos a pensar sobre ela. Mas nesse momento, eu gostaria de fazer uma pergunta secundária: Qual é a primeira resposta que costumamos receber? Não sei se concorda, mas eu costumo ler e ouvir com frequência que: Deus é todo poderoso! É o poder ilimitado de Deus a característica mais utilizada para representá-lo. São muitas as músicas e poemas que exaltam seu poder. A própria Bíblia descreve seu infinito poder em diversas passagens “Grande é o Senhor e muito digno de louvor; e a sua grandeza, inescrutável.” Sl 145:3, ou “Porque para Deus nada é impossível.” Lc 1:37. Portanto, segundo esses versos, o poder de Deus não é só infinito, mas é uma razão para o louvarmos. Em outra passagem o profeta Isaías declara quão pequeno somos em comparação a grandeza de Deus ao descrevê-lo como: “Quem mediu as águas na concha da mão, ou com o palmo definiu os limites dos céus? Quem jamais calculou o peso da terra, ou pesou os montes na balança e as colinas nos seus pratos?” Is 40:12. O próprio Deus se apresenta de forma superlativa, tanto no tempo como no espaço; “Eu sou o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim, diz o Senhor, que é, e que era, e que há de vir, o Todo-Poderoso.” Ap 1:8. Junte a isso o fato da Bíblia utilizar como expressão identificadora do Deus judaico-cristão uma referência a criação do mundo “fez os céus, a terra, o mar e as fontes das águas” Ap 14:7 e Ex 20:11. Mas vai além, pois para o texto sagrado Deus não possui apenas o poder para criar todo o universo, mas também é o sustentador de tudo “E riquezas e glória vêm de diante de ti, e tu dominas sobre tudo, e na tua mão há força e poder; e na tua mão está o engrandecer e dar força a tudo.” I Cr 29:12. Pois bem, é evidente que o imenso poder de Deus é uma marca definidora de sua identidade, mas seria essa característica o que o torna TODO PODEROSO?A resposta é  NÃO!

A justificativa para declararmos que não é o poder de criar e sustentar todo o universo apenas  que faz de Deus o todo poderoso pode ser compreendido através da pergunta: Como seria o governo do universo caso Deus, tendo todo o poder que possui, tivesse o caráter de um tirano como Adolf Hitler ou de Joseph Stalin? O estado de espírito que permearia o cosmos seria o medo e não o amor, o que impediria qualquer forma de felicidade. Portanto, o quadro descrito por essa sugestão demonstra que mesmo possuindo todo esse poder, mas sem amor, Deus não seria capaz de criar um governo de completa felicidade.

Dessa maneira, o que torna Deus o todo poderoso é o seu caráter. Pois é esse caráter de amor (ver o artigo dessa série: Deus é amor!) que faz com que Deus submeta todo seu imenso poder a um único propósito; servir e abençoar todos os seres criados de forma a produzir o mais alto grau de satisfação e felicidade. Como consequência, as criaturas de Deus estarão cheias de confiança, gratidão e amor, e desejarão se entregar em uma relação de completa submissão e entrega a esse Deus que é amor. Isso nos leva a mais forte razão para declararmos Deus o Todo poderoso, pois há uma coisa que todo o poder inimaginável de criar e sustentar o universo não pode conquistar: O amor de seres inteligentes e livres! Sem o caráter de amor que Deus possui ele não receberia, mesmo ameaçando com sofrimento ou a morte, o sincero amor de suas criaturas. Tal somente é conquistado pelo seu caráter. Ao experimentarmos o poder de Deus a serviço de seu caráter é que lhe retribuímos em amor! Nesse contexto as palavras do profeta Zacarias ganham uma significação muito mais profunda: “Esta é a palavra do Senhor para Zorobabel: ‘Não por força nem por violência, mas pelo meu Espírito’, diz o Senhor dos Exércitos.” Zc 4:6.

Que de agora em diante, seja o caráter de Deus aliado ao seu infinito poder que nos motive a amá-lo, segui-lo e reconhecê-lo como o TODO PODEROSO!

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Quem é o Eu Sou? 1- Deus espera que você use a Razão

Segundo a Bíblia, os seres humanos se diferenciam de toda a criação especialmente por uma característica: foram criados a imagem e semelhança de Deus (Gn. 1:26). Portanto, se considerarmos que a capacidade de julgar, avaliar e pesar evidências, ou seja o uso da razão, é nossa principal habilidade distintiva, poderíamos compreender que Aquele que nos criou segundo Sua imagem também é um ser cujo uso da razão é essencial em sua natureza.

Considerando que o cerne de toda experiência religiosa é estabelecer uma relação com o transcendental, e sendo que nós e Deus somos distinguidos pelo uso da razão, a próxima pergunta natural a fazermos é: Como seres racionais se relacionam? A resposta a essa questão pode ser iluminada pelo livro do profeta Isaías: “‘Venham, vamos refletir juntos’, diz o Senhor” Is 1:18. Deus nos convida a pensar junto com Ele! Portanto, esse texto simples, mas revelador, descreve o desejo de Deus de construir uma relação com a humanidade fundamentada no uso da razão e no exercício da reflexão. Dessa forma, ao nos comunicarmos com Deus de forma alguma ele deseja que deixemos de lado o uso da razão, mas deseja que a usemos.

Uma outra evidência a favor da necessidade do uso da razão em nossa comunicação com Deus está na forma como ele resolveu se manifestar a nós. Segundo a compreensão tradicional, Deus se revela de duas formas principais; a primeira é conhecida como revelação Geral. Segundo essa visão Deus manifesta suas características através da sua natureza, através de suas leis e princípios “Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis;” Rm 1:20. Porém, para que possamos distinguir corretamente os traços do caráter de Deus em sua natureza é fundamental o exercício da razão. Somente através de uma reflexão sobre sua obra poderemos ser capazes de entender melhor alguns traços do Criador. Além disso, há outra forma que Deus se revelou a humanidade. A Bíblia, a revelação especial, descreve com maior precisão os atributos de Deus e sua forma de interagir com o homem. Contudo, para alcançarmos essa revelação é necessário que façamos também uma reflexão e estudo de seu conteúdo. Sendo assim, as duas maneiras de Deus se apresentar conosco e conquistar o nosso interesse se fundamentam no uso da razão.

Um outro aspecto fundamental no uso da razão em nossa comunhão com Deus é que dessa maneira Deus respeita nossa individualidade e garante a liberdade dos seres inteligentes. Deus não força nossa resposta a sua manifestação mas espera que façamos a escolha de permitir uma relação inteligente com Ele. Esse respeito e consideração por nós é expresso em: “Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei e cearei com ele, e ele comigo.” Ap 3:20. Essa consideração do Criador demonstra que nossas dúvidas e questionamentos sempre serão bem vindos. Deus estará sempre disposto a nos explicar e indicar o caminho, mas nunca nos forçará a segui-lo.

Ao considerarmos as implicações desta visão poderíamos entender que qualquer experiência religiosa que não esteja fundamentada no uso da razão ou que a suprima não permitirá a plena interação entre seres inteligentes e Deus. Dessa forma, todas as manifestações religiosas com o Deus da Bíblia devem ser construídas com vista a promover o uso da reflexão e razão.

Inspirado no livreto: “Fundamental Focus” produzido pelo ministério americano “Genesis Road” .

Todos somos culpados, até que aceitemos o contrário

Ao pensar e ler sobre a frase: “Todos são inocentes até que se prove o contrário” conhecido como “Princípio da inocência presumida” – muito comumente ouvida quando o assunto em questão é o dolo suposto de alguém, descobri que ela retrata uma garantia processual penal presente no artigo 5º na constituição de 1988. Essa garantia visa proteger todo acusado de um julgamento e condenação antecipados, sem o devido processo que permita uma avaliação justa mediante provas contra e a favor de sua condenação. Dessa forma, o acusado de um delito é considerado previamente inocente até que todo o rito processual seja finalizado e sua sentença final seja pronunciada e só então, caso condenado, possa sofrer as devidas sanções punitivas. Esse texto, em seu uso popular, tem sido aplicado como um princípio essencial da filosofia humanista. O ser humano, por ser considerado essencialmente bom, ou de outra maneira, naturalmente guiado por boas motivações, é inocente e nada mais que uma vítima das circunstâncias que o cercam. Sendo assim, se modificarmos as condições, temos a garantia de que o homem sempre produzirá bons frutos. Essa visão super-positiva da natureza humana não explicaria a trilha sangrenta deixada na história da humanidade através de toda barbárie já registrada. Além disso, não explica também os inúmeros pequenos episódios diários de crueldade e egoísmo que em muito superam as ações altruístas que observarmos no lidar diário. O fato é que não podemos de pronto desconsiderar esses comportamentos e apenas declarar o ser humano como uma mera vítima das condições, e não o principal responsável pela dor e sofrimento observados. A interpretação humanista não consegue lidar com a existência, amplitude, profundidade e perpetuação do mal. E o cristianismo, como lida com a malignidade do coração humano?

Para o cristianismo, ao contrário de sermos primordialmente inocentes, somos generalizadamente culpados (Rm 3:23), ou seja, há algo em nós, uma forma de infecção do mal, que nos motiva a agir prioritariamente com o fim da satisfação própria. Para ser mais fiel à descrição bíblica da realidade, a proposta presente na Bíblia é de que o homem possui duas naturezas antagônicas, uma delas introduzida por Deus (Gen. 3:15), que ainda nos direciona a agir de maneira amorosa visando o bem alheio. Entretanto, mesmo a presença desta força motivadora positiva não nos faz inocentes perante um Deus que sonda os corações. Portanto, para o cristianismo, deveríamos reescrever o início do princípio de inocência presumida: “Todos somos culpados …”. E o final, como o completaríamos a partir da visão cristã?  Será que poderíamos finalizar com o “até que se prove o contrário.” Precisamos provar que somos inocentes? Ou então teremos que enfrentar as punições pela culpa?   É aqui que acontece a “mágica” do amor de um Deus, que Ele mesmo é amor (I Jo 4:8).

Deus, mesmo sendo inocente e vendo claramente a malignidade do coração humano escolhe, por simples amor, assumir as consequências e efeitos da culpa humana apenas com o fim de declarar o homem inocente. Ele possui e conhece todas as razões para nos culpar, mas escolhe nos oferecer a salvação. Muitos acusam o cristianismo de imprimir angústia e sofrimento ao homem fazendo ele carregar o peso da culpa ao declará-lo culpado e essencialmente mau. Mas esquecem de um fato corriqueiro em nossas vidas; o médico precisa primeiro conscientizar o paciente de seu estado enfermo antes de iniciar o tratamento. Pois da mesma forma que o cristianismo apresenta a escuridão da alma humana, apresenta o remédio. A completa substituição desse coração enfermo (Eze 11:19). O humanismo falha ao nos declarar inocentes e não apresentar uma solução eficaz para a malignidade disseminada na humanidade. Que o cristianismo nos condena é verdade, mas nos oferece a cura. Só nos resta então aceitar. Portanto, na visão bíblica, não somos culpados que precisam demonstrar inocência, mas apenas aceitá-la. Sendo assim, sob a ótica cristã, o princípio poderia ser reescrito como: “Todos somos culpados, até que aceitemos o contrário!”

Deus, Ciência e as Grandes Questões: Uma conversa com três das maiores mentes acadêmicas cristãs vivas.

Atenção: Embora não concordando com todos os pontos de vista levantados, a reflexão e os pensamentos apresentados são poderosas ferramentas para fundamentar mais solidamente a fé cristã.

Apresentando o cristianismo em toda a sua grandeza

Ele, um jornalista criminalista formado em direito na universidade de Chicago, ao saber da conversão de sua esposa ao cristianismo, decide usar toda a sua habilidade de investigação para esclarecer quão frágil e mentirosa é essa nova visão de mundo de sua esposa. Porém, após viajar e entrevistar diversos pensadores, entre escritores, cientistas e professores, e testemunhar o efeito positivo dessa crença sobre a personalidade de sua esposa, só lhe resta aceitar, e não somente aceitar, mas abraçar essa fé cristã. Desde então, passou a defendê-la nos círculos intelectuais mais exigentes. Seu nome é Lee Strobel, autor de dois livros famosos sobre defesa da fé: Em Defesa da Fé e Em Defesa de Cristo.

Professor de literatura na universidade de Oxford, ateu convicto até a vida adulta, quando, depois de ser apresentado à fé cristã por colegas professores e livros sobre a fé cristã, especialmente os de G. K. Chesterton, se converteu e passou a difundir o cristianismo nos meios acadêmicos e por meio de seus livros, como Cristianismo Puro e SimplesO Problema do Sofrimento, etc.

Um psiquiatra reconhecido, autor de uma teoria sobre formação de pensamentos chamada Inteligência Multifocal e ateu convicto, ao se propor a fazer uma análise psicológica sobre a inteligência de Jesus, compreende que o Mestre era muito mais do que um homem comum e resolve aceitar a fé cristã e apresentá-la aos outros. Augusto Cury, ao finalizar sua pesquisa, escreve a série de livros que o tornariam uma celebridade no meio acadêmico e popular: Análise da Inteligência de Cristo.

Lee Strobel, C. S. Lewis e Augusto Cury não são melhores que todos os outros ateus e não ateus que se converteram à fé cristã, porém, eles representam uma classe diferenciada de pessoas. Aquelas cujo grau de exigência para a aceitação de uma nova ideia é muito mais rigoroso e, por isso, carente de uma argumentação mais lógica e profunda e de um conjunto de informações mais amplo.

Para reconhecer que o cristianismo era digno de sua atenção e, mais do que isso, de seu reconhecimento de validade, foi necessário que a doutrina de Jesus demonstrasse que era capaz de atender a seus anseios e de dar uma interpretação da realidade muito melhor do que aquelas que lhes foram apresentadas nos meios acadêmicos. Mesmo que isso não confira ao cristianismo o status de verdade, já é uma evidência de seu poder em satisfazer critérios exigentes de mentes rigorosas.

O cristianismo não é um conjunto de práticas religiosas que atraem mentes fracas o suficiente para se deixar ser convencidas por falácias contadas há mais de dois mil anos, mas é a VERDADE, e nunca deixou de atender àqueles que, sinceramente, a buscam. Como disse Francis Schaeffer em um discurso na universidade de Notre Dame, em 1981, “o cristianismo não é uma série de verdades no plural, mas é a Verdade escrita com V maiúsculo. É a Verdade sobre a realidade total, não apenas sobre assuntos religiosos. O cristianismo bíblico é a Verdade concernente à realidade total; é a propriedade intelectual dessa Verdade total, e então vive segundo essa Verdade”.

Casos como os desses pensadores nos alertam para a necessidade de uma difusão da fé cristã mais pautada no rigor lógico, que trate dos anseios tanto físicos quanto intelectuais, de dar uma significação ao mundo no qual estamos inseridos, que faça sentido, que tenha valor e apresente um propósito para nossa existência. Pois é por serem apresentados a um cristianismo mais semelhante a um conto de fadas, desprovido de contato com a realidade, que muitos não têm resistido no caminho da fé cristã e outros não têm atendido ao convite para o aceitarem.

Esse problema é bem expresso por Willian Craig, possuidor de dois doutorados em prestigiosas universidades, em Filosofia e Teologia, em seu livro Ensaios Apologéticos: “O cristianismo está reduzido a apenas uma voz em meio a uma cacofonia de mensagens competidoras, nenhuma das quais objetivamente verdadeira.”

Há uma classe de pessoas no interior das universidades que tem sido abandonada a sofrer com os ataques de pessoas secularizadas que não apenas compartilham da fé cristã mas têm uma verdadeira aversão a ela. E nós, como aqueles que buscam seguir o conselho bíblico do apóstolo Pedro, contido em I Pe 3:15, temos o desafio: “Entreguem-se aos cuidados de Cristo, seu Senhor, e se alguém perguntar acerca da esperança que vocês têm, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa.”

Ou de Paulo, em 2 Coríntios 10:4, 5: “As armas que usamos não são humanas; ao contrário, são poderosas armas de Deus para derrubar fortalezas. Essas armas podem derrubar todo argumento e pretensão contra o conhecimento de Deus. Com essas armas podemos dominar todo pensamento humano para torná-lo obediente a Cristo. E usaremos tais armas contra todo ato de desobediência, quando estivermos completamente obedientes a Deus.”

Ou ainda de Paulo, em Tito 1:9: “Sua crença na verdade que lhes foi ensinada deve ser forte e firme, a fim de que possam ensiná-la aos outros e mostrar aos que discordam deles onde é que estão errados.”

Precisamos nos preparar e formar os jovens que enfrentarão essa batalha de ideias postados na trincheira onde os ataques são mais violentos.

Além do fortalecimento intelectual de cristão e de sua capacitação para o ensino da Palavra, outra razão deve nos motivar a levantar a voz e apresentar um cristianismo intelectualmente forte e capaz de responder aos nossos principais anseios: é que as ideias construídas nos meios acadêmicos acabam por forjar a cultura das gerações seguintes. Portanto, dependendo de como o cristianismo for tratado na academia, o ambiente no qual a mensagem cristã será ouvida pelas futuras gerações será mais ou menos favorável à sua aceitação. Essa motivação é bem descrita por William Craig, em Ensaios Apologéticos, página 25:

“A tarefa maior da apologética cristã é auxiliar na criação e sustentação de um meio cultural no qual o evangelho possa ser ouvido como uma opção intelectualmente viável para homens e mulheres que valorizam a razão. É plenamente aceitável, portanto, que a apologética consistente é um ingrediente necessário para o desenvolvimento de um meio no qual a evangelização possa ser feita de maneira mais eficiente, na sociedade contemporânea e nas demais sociedades por ela influenciadas.”

Por essas razões, devemos buscar uma atividade mais proativa no sentido de nos preparar e ajudar a outros a falar e viver com coerência a fé cristã.

Editado por Michelson Borges